segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Talentos

Quincy Jones declara em entrevista ao “El País” que “Michael não tinha tanto talento assim”



      Um dos produtores mais importantes da música pop declarou ao jornal espanhol “El País” que Michael Jackson, cantor morto em junho passado, "não tinha tanto talento quanto músicos como Louis Armstrong, Frank Sinatra, Nat King Cole, Billie Holiday, Aretha Franklin e Ray Charles".
   Para Quincy, "Michael era grande, mas não jogava no mesmo time que esses artistas” por ele citados. Mais uma coisa todos esses astros tem em comum: são famosos porque esbanjam talento.

   Mas a final, o que podemos chamar de talento? Para que ele serve? E que lições ele nos proporciona?
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Sobre Quincy Jones:
   Ao lado de Jackson, Quincy Jones produziu os discos "Thriller", "Bad" e "Off the wall". Ele é produtor, compositor, magnata da televisão, dono de revistas e homem de cinema. Já acumulou 27 Grammys, um Oscar e também já recebeu doutorado honorário de dezenas de universidades.
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O que podemos chamar de talento? Para que ele serve? E que lições ele nos proporciona?

   Talentos são bens e recursos que podem ser utilizados em benefício próprio ou da coletividade outorgados por ocasião da encarnação. São empréstimos durante a vida para alcançar conquistas espirituais latentes em todos nós.
   O dom para música, como o de Michael Jackson, é um talento artístico, mas não é só na arte que existe o talento. Outros exemplos são a riqueza, o poder, a beleza, a saúde... O significado de talento compreende muito mais do que uma aptidão.
   Na visão do Evangelho de Mateus trazida pelo autor Perissé, os talentos são bens dados a todos em quantidades variadas de acordo com a capacidade de cada um, capacidade essa já desenvolvida ao longo das encarnações. Já na visão do Evangelho de Lucas trazida pelo mesmo autor, os talentos são dados a todos em igual número e os resultados obtidos são diferentes, proporcionais a capacidade de cada um. De uma forma ou de outra, os talentos são vistos como dons ofertados por Deus que devem ser colocados em prática para que sejam úteis ao crescimento espiritual. Para tal, Deus dá o livre-arbítrio. Resta saber o que fazemos com ele.
   A vida dá muitas oportunidades a cada um de nós, mas é preciso saber aproveitá-las.
Jackson e seus talentos
 

   Michael Jackson recebeu em vida muitos talentos. No ramo da arte desempenhou sua criatividade com brilhantismo, mas como ser humano esqueceu que precisava amar a si mesmo. Não se aceitou. Enxergou em suas feições e na cor de sua pele conflitos que só ele poderia explicar de onde se originaram, pois ele mesmo criou e alimentou fantasmas interiores produtos de seus próprios conflitos.
   Ele foi um astro talentoso que desenvolveu habilidades memoráveis no mundo da música. Mas existem muitos outros talentos que precisam ser trabalhados para que ele encontre o equilíbrio que em vida se distanciou.
   Ele tinha talento. Foi um artista excepcional. Mas os dons ofertados por Deus a seus filhos cumprem uma função aqui na Terra. Os talentos são dons que devem ser meios para obter a virtude. Daí a necessidade do homem cumprir com seus deveres usando os bens recebidos em benefício de si e do próximo sempre lembrando que o talento é um empréstimo útil concedido a determinada encarnação, que será devolvido quando não mais tiver utilidade. E que a própria consciência fará o acerto de contas perguntando o que foi feito com o talento confiado.

   Jackson foi uma figura pública que influenciou e influenciará gerações com o legado musical que deixou. Mas figuras públicas por causa da visibilidade que possuem viram ícones sociais independentemente de suas condutas. Esses "modelos" acabam virando referência para quem se deixa levar e se permite consumir conceitos ou condutas de seus ídolos mesmo que estas não sejam adequadas. A todo instante todos nós servimos de exemplo para alguém, reta saber que tipo de referência se deseja ser.
   A fama, a visibilidade de um artista ou político, o poder, a riqueza e outros talentos que o homem esteja imerso podem ser utilizados em benefício do próximo se assim o desejar. A fama do Norton Nascimento serviu para que ele lutasse em prol da doação de órgãos, a visibilidade de um bom político pode dar esperança e benefícios concretos a população, um representante do bem que esteja no poder pode ser a voz dos desvalidos se tiver virtude e humildade, o rico pode dividir seus bens com aquele que precisa. Ações como essas só dependem da vontade do homem em fazer o bem lutando para domar suas más inclinações.
   Os talentos recebidos que são bem utilizados significarão bem estar para a humanidade. Então, não cabe ao homem esconder os talentos recebidos. A relutância em cooperar com os outros (egoísmo e o orgulho) implicam em elevadas cargas de sofrimento para os que escondem seus talentos.
   Sobre o mesmo assunto, o Irmão X apresenta a Parábola dos Talentos de forma distinta da abordada pelo Evangelho. O “Senhor da Terra” parte para fora do mundo e empresta a seus servos, segundo a capacidade de cada um, seus próprios bens deixando claro que retornaria mais tarde. O primeiro recebe dinheiro, poder, conforto, habilidade e prestígio; o segundo, inteligência e autoridade; o terceiro, Conhecimento Espírita.
   No dia da prestação de contas, o servo que recebeu cinco talentos voltou com outros cinco: trabalho, progresso, amizade, esperança e gratidão; o servo que recebeu dois retornou com mais dois: cultura e experiência. A estes o “Senhor da Terra” chamou de Servos Fiéis.
   O servo que recebeu um talento, com medo do Senhor por saber que a Lei é dura demais por atribuir a cada um conforme a suas obras, voltou com o Conhecimento Espírita intocado e puro. Assim, O Senhor, que atribuiu a esse último servo a Luz da Verdade como sendo o maior bem de todos, ordenou que o tesouro a ele entregue lhe fosse arrancado e entregue aos dois outros servos que voltariam de novo a Terra.
   Devido a negligência do Servo Infiel, não lhe restou outra alternativa do que recomeçar toda a sua obra pelos mais obscuros entraves do princípio.
   O Senhor explica ao Servo Infiel que os dois primeiros servos não acertaram em tudo porque lhes faltava o discernimento que lhes poderia ter ministrado através do exemplo. Por medo das responsabilidades de corrigir amando e trabalhar instruindo, o Servo Infiel optou por não ser um exemplo para os demais prejudicando a obra deles, que poderiam ter alcançado maior Bem Eterno se tivessem recebido o quinhão de amor e serviço, humildade e paciência que lhes foi negado.
   O Servo Infiel não entendeu o porquê de tanto rigor do seu Senhor já que a sua Lei é de Misericórdia e Justiça, até que lhe foi esclarecido por assessores do Senhor que a Lei é disciplina de Misericórdia e Justiça, com a seguinte diferença: para os ignorantes do dever, a Justiça chega pelo alvará da Misericórdia; para as criaturas conscientes do dever a misericórdia chega pelo cárcere da Justiça.
   Essa interpretação da Parábola dos Talentos é uma oportunidade de reflexão, alerta ao homem sobre suas obrigações com a vida que a ele é ministrada e sobre a importância do conhecimento Espírita que deve ser a prática dos ensinamentos de Jesus. O Irmão X deixa um importante alerta aos Espíritas mostrando que aos que muito é dado, muito será cobrado.
Fontes:  XAVIER, Francisco Candido. Estante da Vida pelo Espírito Irmão X. Feb. Rio de Janeiro, 6ª ed, 1994.  PERISSÉ, Juarez Barbosa. Refletindo sobre as parábolas de Jesus. Rio de Janeiro, 2002.
Quem foi Michael Jackson?
  
   O cantor Michael Jackson era um artista polêmico e talentoso que marcou a história da música internacional. Suas canções influenciaram diferentes estilos musicais. O seu jeito próprio de dançar, cantar, e divulgar sua música por meio de clipes performáticos o imortalizaram.
      Ele começou a cantar e a dançar aos cinco anos de idade. Iniciou sua carreira profissional como vocalista ao lado dos irmãos aos onze anos com o grupo Jackson 5. Em 1971, alavancou sua carreira solo sem abandonar o grupo.
   O Rei do Pop se consagrou com os sucessos: Off the Wall (1979), Thriller (1982), Bad (1987), Dangerous (1991) e HIStory (1995), sendo Thriller o álbum mais vendido da história.
   Figura dominante na música popular dos anos 80, o primeiro cantor afro-americano a receber exibição constante na MTV, destacou-se com os clipes Billie Jean e Thriller, que transformaram o vídeoclip como forma de promoção musical e deram visibilidade ao canal MTV, que acabou ficando famoso.
   A figura pública “Michael Jackson” gerou muitas notícias nos órgãos produtores de informação. Michael foi do sucesso ao fundo do poço. Era um homem cheio de conflitos, mudou sua aparência, fez inúmeras cirurgias mudando as próprias feições do rosto, trocou a cor da pele negra pela branca, foi manchete de escândalos acusado de abuso sexual contra crianças, foi pai de três filhos cuja paternidade e maternidade geram controvérsias, passou por crises de saúde e instabilidades financeiras. Morreu como um ídolo que revolucionou seu tempo com seu poder inovador, sua originalidade e sua música imortal. Não há dúvidas que apesar de sua personalidade conflitante Jackson era um artista talentoso.
 
   Sobre os talentos que cada um de nós possui, fica a lição de que nos cabe aproveitar bem as oportunidades que a vida proporciona tentando dar o melhor que puder a fim de transformar talentos em virtudes.
 
Veja a matéria sobre o astro: